Visitando a Bíblia: Fogo que arde

Numa dessas noites de primeiro frio no final do outono que antecede o frio mais intenso do inverno, peguei uns dois punhados de gravetos e montei uma pequena fogueira na lareira lá de casa. Acendi o fogo e fiquei ali sentado, ouvindo o crepitar do fogo e observando aquelas primeiras centelhas que cresciam para chamas maiores, tornando-se vistosas labaredas que envolviam e se apossavam de achas mais grossas e me aqueciam o corpo.

Olhando para o fogo, inevitavelmente me veio à mente o poema de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver”. Em seguida, por força da atividade que exerci por longos anos, o pensamento viajou até a Bíblia, ao final do Livro de Cântico dos Cânticos. “Porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo são veementes labaredas ‘de Javé’ (Cântico 8.6, texto corrigido no hebraico).”

Sim, o amor é como o fogo: pequenas centelhas no início, que crescem para labaredas cada vez mais veementes e que nos aquecem. Estabilizam-se num fogo calmo e constante. Belo! Depois vão diminuindo, resultado do tempo, até se tornarem apenas brasas, ainda quentes, mas caminhado para o fim, no fim da vida.

No dia dos namorados, que celebramos neste mês, sentimos ou nos lembramos daquele amor ardente e apaixonado dos primeiros tempos, que se acalma depois primeira metade da vida e permanece como brasas que aquecem nos dias na velhice.

Que o Senhor abençoe tanto o amor ardente dos jovens quanto o amor sereno da meia idade, quanto o amor saudoso e carinhoso das vovós e dos vovôs até que as brasas se apaguem.

Feliz e abençoado Mês dos Namorados!

P. Dr. Carlos Arthur Dreher
(Professor e Pastor aposentado da IECLB)