Visitando a Bíblia: “Elevo os meus olhos para os montes(…)”

“(…) de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” (Salmo 121.1-2)

A memória do salmista talvez remonte aos primórdios da história de Israel, quando hebreus e camponeses empobrecidos buscavam fugir dos carros de guerra cananeus que pretendiam aprisioná-los e escravizá-los. Nas montanhas, tais carros não tinham mobilidade, e a pé os cananeus não ousavam enfrentar os fugitivos. Por cerca de 200 anos, de 1200 a 1000 a. C., Israel subsistiu dessa maneira. Nas montanhas reorganizavam-se, retribalizando-se.

Fenômeno semelhante aconteceu no Brasil, nos séculos 16 a 18, com os quilombos. Eram comunidades autônomas organizadas por escravos negros fugidos. No geral situavam-se em regiões montanhosas, de difícil acesso aos brancos que os caçavam. O mais famoso foi o Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, na capitania de Pernambuco, no atual estado de Alagoas. Ganga Zumba e seu sobrinho Zumbi foram suas principais lideranças.

O quilombo atingiu uma população de cerca de vinte mil pessoas. Cerca de dezoito expedições da parte dos portugueses foram organizadas para erradicar Palmares, que resistiu por mais de cem anos, especialmente sob a liderança de Zumbi. Por fim, em 1694, sob a lideranças do bandeirante Domingos Jorge Velho, um contingente de seis mil homens atacou em definitivo o quilombo, que foi desbaratado, embora restos dele subsistissem até 1710.

Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada em 20 de novembro de 1695, A sua cabeça foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública no Pátio do Carmo, no alto de um mastro, para servir de exemplo a outros escravos. Relembrando a morte de Zumbi, o dia 20 de novembro passou a ser comemorado com Dia da Consciência Negra.