
“Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” Romanos 12.21
Olho por olho, dente por dente. Certamente tu conheces esta expressão. Uma equivalente a ela poderia ser aqui se faz, aqui se paga. O primeiro dito tem a ver com a lei de talião. A lei de talião é a regra que cada crime deve ter um castigo correto e proporcional, sem exageros. Essa regra aparece descrita na Bíblia como “olho por olho, dente por dente”. O crime deve ter um castigo justo. A “lei de talião” vem do latim e significa “lei igual ou proporcional”. Isso significa que a lei deve ser justa, não exagerando, nem por falta de castigo nem por castigo desmedido. Essa ideia é muito antiga e se encontra expressa nas leis de várias civilizações antigas. A ideia de justiça, aplicando o castigo correto a cada crime, está presente em todo o Antigo Testamento.
Jesus mudou a forma como as pessoas interpretavam a lei de “olho por olho”. A justiça não é sobre exigir retribuição para satisfação pessoal (Mateus 5.38-41). O Senhor nos chamou para sermos diferentes. Não devemos usar a lei de talião para justificar a falta de perdão. Seguir a Jesus significa aprender a perdoar e mostrar amor e graça aos nossos inimigos (Romanos 12.19-21). os cristãos são chamados a viverem a sua fé de modo prático, não apenas em teorias e palavras bonitas, mas com atitudes que sejam condizentes com o Evangelho da Boa Nova, da boa notícia. O evangelho da Boa Nova é sempre a notícia da reconciliação – ainda que se reconciliar tenha a ver com oferecer o outro lado da face, como nos foi ensinado a fazer.
Se Deus, que é o Todo-Poderoso, tem disposição em se reconciliar diariamente conosco, por meio da oração, por meio dos momentos em que participamos do sacramento do altar, a ceia do Senhor, por meio do arrependimento, nós, seres humanos, não temos o direito de guardar mágoas e rancores por uma vida inteira. Por um período é aceitável. Porque somos humanos, emoções e sentimentos fazem parte de nós. Mas não somos tão incapazes quanto pensamos em relação aos sentimentos. As emoções são passageiras: alegria, tristeza, euforia, melancolia. Elas logo vêm e vão. Os sentimentos permanecem por mais tempo, e é a eles que alimentamos. Quais deles temos alimentado: ódio? mágoa? angústia? Será que, humildemente, não poderíamos confiar nas palavras do Senhor quando ele diz: “deixei a vingança, a justiça comigo, eu as retribuirei”? Se cremos na soberania de Deus, então vale a pena o esforço de buscar uma conduta e postura diferente daquela que todos costumam ter.
A Lutero é atribuída a seguinte frase: Desça um pouco e se coloque abaixo de um outro mestre e diga: Querido Deus, ensina-me, dá-me força e sabedoria para que possa dirigir a minha casa ou país. Sejas tu aquele que dirige a tudo; eu quero ser tua ferramenta; governa e me dirige de tal forma que eu não derrube nada e cause mal, pois quero fazer tudo de bom grado tanto quanto posso. Façamos tudo de bom grado. Não nos lamentemos pela vida; ao contrário, façamos dos desafios e adversidades, oportunidades de apresentar o amor e o acolhimento de Deus. Ele usa a gente muito mais do que percebemos para isto. Vale a pena vencer o mal com o bem!
P. Renan Schlemper – Comunidade Evangélica de Confissão Luterana
São Marcos em Porto Alegre