A descoberta de Lutero que a justificação do ser humano diante de Deus é por fé e pela graça de Deus em Cristo Jesus, trouxe o evangelho à luz. O evangelho estava como a pedra angular de um prédio caído. Estava soterrado enquanto se usava o nome de Deus para cobrar pela salvação. A angústia, o medo, a falta de perspectiva de futuro, o medo da morte, do inferno ameaçador e o fim da esperança moviam as pessoas para o livramento através da compra das indulgências. Dinheiro era a via para comprar o perdão de Deus.
Aprendi que a história é cíclica. Por mais que ela avance pelos séculos, ela retorna por onde já passou. Vivemos novamente um tempo de angústia, ansiedade diante do futuro. O ser humano deseja garantir o futuro adquirindo riquezas bens e notoriedade (celebridade) para auto realização. Acontece de novo a desesperada busca humana, não pela salvação da alma, mas pelas riquezas com a intenção de garantir bem estar, segurança e satisfação dos desejos aguçados pela publicidade.
Milhões de pessoas tentam comprar as graça de Deus, não para receber dele a salvação da sua existência como no tempo de Lutero, mas tentam comprar favores de Deus para conquistar bens materiais.
Lutero afirma na sua tese de número 62 que “O Verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo evangelho da glória e da graça de Deus”. A Reforma trouxe o evangelho para a vida das pessoas. Ele estava oculto por dogmas e interesses humanos de dominação, manipulação da fé e dos medos produzidos nas pessoas pela própria igreja da época anunciando o inferno mais que o céu.
O nosso tesouro é o santíssimo evangelho da glória e da graça de Deus. Em Mateus 13.44, conta Jesus, um homem que encontra um tesouro oculto vai e vende tudo para ficar de posse dele. O nosso tesouro, o evangelho, só precisa ser crido. Que liberdade! Que grande notícia trouxe a Reforma! O nosso tesouro está ao nosso alcance. Fé é a única condição para vivermos a alegria de tê-lo encontrado. Vivamos esta alegria e liberdade.
P. Carlos Eduardo Müller Bock
Pastor Sinodal – Sínodo Rio dos Sinos.