Acompanhando discussões nas mídias sociais, nos damos conta de um ponto bastante difícil de superar. Nada contra em si à argumentação usada, mas à maneira como tratamos quem pensa diferente de nós e ao mal-estar de admitirmos que também na igreja não pensamos todos da mesma maneira. O apóstolo Paulo nos legou alguns princípios bíblicos. Em Romanos 14 e 15, a partir dos conflitos que na época giravam em torno de comida e dias santos, Paulo defende uma compreensão em que a verdade de um conceito reside na tensão entre conceitos opostos. O primeiro tem a ver com os conceitos Liberdade e Convicção. Nossa obediência a Deus se desdobra em compreensões e valores que cremos corresponder à vontade de Deus. Deus espera que sejamos coerentes com essa “liberdade obediente”.
Outro conceito refere-se ao Amor e o Respeito ao próximo. Não podemos condenar nossos irmãos e irmãs na fé por terem uma liberdade diferente da nossa diante de Deus. Podemos até questionar suas ideias, mas não podemos questionar a sinceridade com elas as defendem diante de Deus. Um princípio não pode prescindir do outro. Quem respeita a sinceridade de irmãos e irmãs no seu “crer diferente”, não condena, não despreza. Admitir que podem haver opiniões diferentes na família da fé é reconhecer que não basta amar a Deus. É preciso amar ao próximo, mesmo que suas ideias nos deixem desconfortáveis. Quem sabe, no próximo debate, possamos começar nossas manifestações assim: “Eu respeito e aceito tua liberdade de pensar diferente de mim….” Certamente o tom do debate será diferente e será um bom testemunho num mundo dividido.
P. Cláudio Kupka – Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos