Deus comprou vocês por um preço; portanto, não se tornem escravos de seres humanos
(1 Coríntios 7.23).
Em 2020, lembramos 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Um dos fatos marcantes de 1945 foi a libertação das pessoas aprisionadas em Auschwitz, o maior campo de concentração do regime nazista. Somente ali foram mortas mais de um milhão de pessoas. A maioria era judia e nem foi registrada como prisioneira, mas assassinada em câmaras de gás logo após a chegada. Os corpos eram incinerados em enormes fornos. Auschwitz tinha capacidade para cremar até 4.700 corpos por dia.
As pessoas aprisionadas e assassinadas nos campos de concentração foram trazidas de diversos lugares da Europa, amontoadas em comboios de trem. Eram mulheres e homens, pessoas idosas, jovens e crianças, vítimas de uma ideologia perversa. Tal ideologia se caracterizava pela ideia de supremacia da pessoa branca, pelo nacionalismo, pelo ódio ao povo judeu, por intolerância e violência. O regime nazista exercia controle social através do militarismo e de grupos paramilitares, da censura e da propaganda. Por muito tempo conseguiu acobertar seus terríveis crimes. Os portões dos campos de concentração ostentavam a frase “o trabalho liberta”, mas esses campos eram verdadeiras indústrias de escravidão e morte.
Ideologias são um conjunto de ideias, valores e normas. Não são necessariamente malignas, mas algumas são opressoras e podem mascarar sua maldade usando o nome de Deus. Nas palavras de Jesus, são como falsos profetas, que se apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes (Mateus 7.15). Hitler sabia muito bem usar a linguagem religiosa. Talvez por isto conseguiu o apoio de uma considerável parcela da população cristã na Alemanha. Também no Brasil havia pessoas de comunidades cristãs que se identificavam com o nazismo. Com inquietação e tristeza, percebemos que ainda há pessoas que defendem ideias semelhantes.
Um regime cruel e diabólico como o nazismo não nasce de um dia para o outro. A perseguição a pessoas judias iniciou aos poucos. A ideia de uma “raça superior” foi se expandindo passo a passo. Por isto é preciso atenção a sintomas que se manifestam. Neste sentido, a palavra bíblica para o mês de fevereiro é um chamado para vigiar. Deus nos comprou por um preço: o sangue de Jesus. Não podemos nos deixar influenciar e escravizar por ideologias malignas, que atentam contra a dignidade da vida e da criação de Deus.
Considerar que uma pessoa negra ou indígena não é gente, ou não evoluiu o suficiente, revela preconceito e a malícia da supremacia de um ser humano sobre outro. O racismo, a discriminação, a hostilidade em relação a pessoas estrangeiras e migrantes, a destruição do meio ambiente, são igualmente sinais graves.
Não podemos esquecer ou negar a crueldade do nazismo e de outros sistemas totalitários. Não temos responsabilidade pelo que aconteceu no passado, mas temos o dever de evitar que novas bestialidades sejam geradas. É necessário também pedir perdão por qualquer envolvimento da Igreja em atrocidades. A partir do Evangelho de Jesus Cristo, repudiamos toda forma de opressão e escravidão. Deus nos chama para viver o amor, praticar misericórdia, buscar equidade e promover a paz.
Ainda o antigo nos tortura, o peso de maus dias dá amargura.
Senhor, dá a nossas almas acuadas a salvação à qual são preparadas.
Por bons poderes muito bem guardados, confiantes esperamos o que há de vir.
Deus é conosco sempre noite e dia. Assim é certa hoje sua alegria.
(Hino de Dietrich Bonhoeffer, Pastor Luterano, preso em campo de concentração e morto pelo regime nazista)
Saudações em Cristo,
Pa. Sílvia Beatrice Genz
Pastora Presidente
P. Odair Airton Braun
Pastor 1º Vice-Presidente
P. Dr. Mauro Batista de Souza
Pastor 2º Vice-Presidente