
Na sua plenitude, Deus é tudo: é pai, é mãe, é filho! No mês de agosto queremos olhar para Deus como o Deus que Jesus chama de pai. Compreender a paternidade e sua forma de exercê-la é fundamental para sonharmos com uma sociedade melhor e menos violenta.
A paternidade de Deus em Jesus Cristo muda a vontade divina. No Antigo Testamento, Deus é o senhor dos exércitos, um Deus poderoso, vingativo, punitivo, que manifestava o seu amor e seu chamado à obediência com castigos terríveis como guerras, doenças e outras formas de fazer o povo voltar a ele. Deus usa o princípio da disciplina baseada na Lei. Quem não cumpre a lei, entra no castigo e não participa da salvação.
Jesus se compreende como o filho de Deus. A relação pai e filho muda a mensagem do Reino de Deus. No Novo Testamento, a mensagem tem outra forma e outro conteúdo. Agora o amor, o perdão, a compreensão e a inclusão de todas as pessoas torna-se o desejo mais profundo de Deus. A inclusão se torna fundamento a partir da fé. Mesmo a relação pai e filho entre Deus e Jesus não é antropocêntrica no sentido masculino, mas supera uma das maiores dificuldades que existem na relação entre os homens: o medo da intimidade. Homens têm dificuldade de falar e expressar o seu amor. Essa dificuldade se manifesta muito fortemente, mesmo entre pais com seus filhos e filhas.
A relação paternal de Deus com Jesus mostra que há muita intimidade entre os dois. Deus chama Jesus de meu filho amado (Lc 3.22) e Jesus chama Deus de paizinho (Mc 14.36). Jesus conta a parábola do Filho Pródigo, que revela o profundo amor do pai pelos filhos. Assim como o pai da parábola, Deus ama aos seus filhos e suas filhas!
Diz a psicologia que os homens, quando não conseguem expressar os seus sentimentos, tendem à agressividade, ao heroísmo, ou a se enquadrar na síndrome de Peter Pan, com o desejo de se expressarem como eternos adolescentes. Há ainda os que tendem a detestar o comportamento e a facilidade com que as mulheres falam de si mesmas e conseguem expressar os seus sentimentos.
Datas comemorativas servem para pensarmos sobre a nossa condição humana. Neste mês de agosto celebramos o Dia dos Pais e nós homens devemos refletir profundamente sobre a nossa paternidade. Como resolvemos a dificuldade de expressar amor em gestos e palavras? Ficam nossos filhos e filhas até a vida adulta esperando uma palavra carinhosa, amorosa, o reconhecimento e tantas outras situações que marcam os seres humanos na condição de filhos e filhas?
A relação paternal e filial entre Deus e Jesus nos desafia a buscar por mais intimidade e amorosidade com nossos filhos e filhas. Podemos mudar para melhor, como Deus mudou! Podemos ser filhos e filhas melhores, como Jesus foi!
P. Carlos Eduardo Müller Bock – Pastor Sinodal