As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Lamentações 3.22-23
As imagens de Deus que a igreja na Idade Média propagava são consideradas hoje algo bastante danoso para a vivência da fé cristã na época. A imagem de um Deus distante, juiz condenador, um tirano capaz de nos lançar no inferno era “vendida” pelas autoridades religiosas como meio para exercer controle sobre as pessoas. O medo do inferno constrangia as pessoas a submeter-se à igreja e até pagar por indulgências e outros meios espirituais para obtenção do favor divino.
Quem iria salvar as pessoas dessa mentira? Quem iria libertá-las dessa imagem distorcida de Deus? No tempo certo, através da leitura da Bíblia, o Espírito Santo revelou ao monge Lutero o verdadeiro coração de Deus. Sempre é assim. Apesar das amarras do pensamento, dos interesses humanos, é a palavra de Deus, sob o poder e ação do Espírito Santo que se manifesta. É Deus mesmo que se comunica com as pessoas no sentido de fazer valer a verdade sobre o evangelho, sobre a obra libertadora de Jesus Cristo na cruz.
Sim, todo evangelho aponta para o Jesus crucificado como centro de nossa mensagem. Na cruz fica clara a autodoação de Jesus em nosso favor. Fica claro o preço que pagou para cumprir a vontade de Deus. Na cruz, essa “troca maravilhosa” se cumpriu. Jesus tomou nosso lugar na cruz e nos deu o seu lugar junto ao Pai.
Essa verdade tão central para a fé continua infelizmente sendo ameaçada por muitas pessoas que se autodenominam pregadoras do evangelho. Por isso cabe-nos diariamente a tão sagrada tarefa de crer e transmitir que as misericórdias do Senhor não podem se tornar “produto de consumo” na mão de pessoas espertas, mas que se renovam a cada manhã pelas mãos do próprio Deus a todo mundo.
P. Cláudio Kupka – Pastor Vice-Sinodal