Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou 95 teses à porta da igreja do castelo da cidade de Wittenberg, onde era professor universitário. Teses são ideias para discutir um assunto: Por que? Qual a razão disso? Em nossas vidas, nosso modo de crer, na escola e na comunidade, buscamos aprender o sentido, a razão de ser.
Mas o que tem a ver a razão e o coração? Geralmente relacionamos o coração ao que sentimos. Mas também aprender depende dos sentidos. Se não sentimos, não estamos atentos ou não estamos cuidando, não podemos aprender nem ensinar. E os sentimentos ganham forma na razão: Faz sentido!
É o que acontece na Reforma de Martim Lutero: a busca pelo sentido claro da Escritura, do que promove a Cristo em nosso meio. Nos tornamos aprendizes em busca de sentido, sacerdotes e sacerdotisas da Palavra de Deus, do Verbo que se fez carne, Jesus Cristo (João 1.14). Ensinamos melhor aquilo que precisamos aprender, diz Martim Lutero.
Na Rosa de Lutero, vemos o coração cristão, marcado pela cruz de Jesus Cristo, numa rosa branca de cinco pétalas… Cinco também são os sentidos. Como todos os demais sentidos, o tato passa pelo coração e leva à razão. Lembrei da palavra “Fingerspitzengefühl”, que na língua alemã, significa a sensibilidade da ponta dos dedos. Uma pessoa é sensível quando percebe melhor, entende melhor e comunica-se melhor. É o que precisamos exercitar!
O tato é uma habilidade que pode ser percebida no preparo de uma refeição, no trabalho, numa reunião, no cuidado, na Santa Ceia e no diálogo. Na Santa Ceia, Jesus está tão próximo de nós que podemos tocá-lo. Lutero também teve tato quando traduziu a Bíblia para a língua do seu povo. Para escolher as palavras, ia às ruas da cidade e ouvia as pessoas falando, porque era preciso traduzir o sentido das palavras bíblicas para a língua do povo. Na ponta dos dedos, no cuidado com a escrita de cada palavra, estava a sensibilidade de Martin Lutero, que ouviu, tocou, sentiu o cheiro, provou, viu e, por isso, fez tantos verem e lerem com os próprios olhos, para que a razão do coração as mantivesse “firmes como pessoas livres e não se tornassem escravas novamente” (Gálatas 5.1).
P. Claus Martin Dreher – Pastor na Comunidade
Martin Luther em Porto Alegre