Palavra do Pastor Sinodal – agosto de 2019

A minha palavra não passará!

A aceleração das mudanças no mundo de hoje alcança uma velocidade incrível. Quando assistíamos à Família Jetson numa TV em preto e branco com uma tela 20x20cm, não acreditávamos que o mundo chegaria àqueles significativos avanços. Era tudo muito futurista. Em menos de 50 anos, a velocidade das mudanças tecnológicas ultrapassou muitas das previsões do desenho animado da Família Jetson. Carros voadores estão sendo testados. A inteligência artificial é uma realidade. Podemos falar com uma pessoa do outro lado do planeta, vendo a sua imagem instantaneamente.

É interessante que no desenho da Família Jetson a família é formada por um pai, uma mãe, um menino, uma menina e um cão de estimação. Aquela visão de futuro mantinha a ideia da família chamada por muitos como família de “anúncio de margarina”. E, nesse campo, a situação também mudou muito. A família é questionada, e os indivíduos se relacionam pelos meios de comunicação mais com estranhos do que com as pessoas da própria família. Há um indicativo de tendência de que a comunicação será, a cada dia, mais individual. Por quê? Porque a tecnologia permite. O celular nos conecta com todos no mundo todo. Uma ideia que circulava em família ou em grupos de amigos, em grupos de interesses, demorava tempo para circular entre estranhos. Hoje, a pessoa tem uma ideia e já a coloca nos meios de comunicação digital para torná-la pública. Às vezes, a ideia é imatura, incipiente, sobre um assunto muitas vezes obsoleto no tempo, mas o indivíduo, com o poder de jogar nos quatros cantos do mundo, o faz. Isso cria um individualismo exacerbado e conflitos individuais. Há a manipulação do público por grupos de interesse e ideologias políticas. A verdade? A verdade onde está? Essa é a que mais sofre.

Entre os mais jovens, os meios digitais são a forma mais usual de comunicação. Pesquisas mostram que 85 % deles preferem os vídeos na internet para aprender, se divertir e interagir. A nós, com um pouco mais de idade, cabe aprendermos com eles a melhor forma de acessar estes meios de comunicação e torná-los eficientes e prazerosos. Só não dá para ficarmos resmungando, dizendo que no nosso tempo era melhor. Era bom para nós. E se queremos, como igreja, deixar um legado para os mais novos, não será com os nossos meios de comunicação do passado que vamos conseguir. Nós precisamos mudar. Os mais jovens estão no mundo deles.

Em vista de todas as mudanças deste tempo, o Jornal Sinos da Comunhão terá a sua última edição. Esta é a última edição. O baixo número de retiradas dos exemplares, o baixo retorno de interação nas famílias e nas comunidades em ralação ao que está sendo divulgado no jornal, o alto custo de formulação, de impressão e a pouca mobilização para chegar ao maior número de pessoas, levou a diretoria do Conselho Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos, com o aval da maioria dos ministros e ministras do Sínodo, a encerrar a publicação desta forma de comunicação. Para quem gosta do jornal e o lê a cada edição, pedimos compreensão. Sabemos que as pessoas de mais idade, que, quando mais jovens, assistiram à Família Jetson, gostam de ter um jornal impresso em papel. Criou-se uma cultura de leitura de jornal. Mas o fato é que os jornais do Grupo Sinos, Zero Hora e outros diminuem a cada dia a tiragem dos jornais impressos e aumentam as assinaturas dos jornais digitais.

Dentro desta nova realidade, a Direção Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos opta por encontrar caminhos digitais mais ágeis, dirigidos às pessoas individualmente, via redes sociais, WhatsApp, e-mail, vídeos  e outros meios virtuais. Faremos um esforço para chegar ao maior número de pessoas com notícias, reflexões e conteúdos que sustentam a nossa fé evangélico-luterana e protestante.

Não abriremos mão de proclamar o Evangelho. A decisão de encerramos a edição do “Sinos da Comunhão” é dolorida, mas precisamos nos adaptar aos novos tempos e às novas tecnologias de comunicação, que se aprimoram a cada dia. Vamos usar a tecnologia para inovar, fazendo mais, atingindo mais gente, com menos esforço e mais resultados. A tecnologia pode avançar, mas ela tem que avançar servindo, para que nos aproximemos mais uns dos outros na formação de comunidades atrativas, inclusivas e missionárias. Por mais que a tecnologia avance e resolva problemas humanos, ela não tem o poder de satisfazer a nossa sede e nossa fome da presença de Deus. E, por isso, ela será sempre ferramenta para anunciarmos  a graça de Deus em Cristo Jesus, o centro da nossa fé  e da nossa salvação.

Agradecemos a todos e a todas que colaboraram para tornar o projeto “Sinos da Comunhão” uma realidade.  As meditações, as notícias, os sentimentos e a teologia expressos e levados até os leitores certamente darão frutos no seu devido tempo. Por isso, a nossa gratidão! Que Deus nos inspire para encontrarmos novas formas de continuar anunciando o Evangelho, porque tudo passa, menos o Verbo que se fez carne e habitou entre nós!

  P. Carlos Eduardo Müller Bock

              Pastor Sinodal